Palavras soltas, traduzindo pensamentos, sentimentos, desejos e insanidades...

O meu ser desorganizado, unindo tudo aquilo que deveria, mas ainda não é, ou tudo o que é, mas aliado a insensatez do ser, apenas existe...

Um espaço meu que divido com todos aqueles que não se contentam em apenas ser...

domingo, 28 de novembro de 2010

Amor e Indignação...

10 horas da manhã... deixo o Caio em sua sala, vestido de astronauta para sua apresentação de teatro. 
Enquanto caminho para o auditório, encontro com minha mãe aos prantos, pedindo para que socorresse a Luluka...
Desci dois lances de degraus praticamente em um único pulo... a hora que vejo minha pequena deitada no chão, com uma multidão em volta, meu coração disparou, no momento em que a vi, que olhei para sua perna, apenas desejei que fosse eu, que ela não estivesse ali... cai no chão e nesse o momento, o que me lembro é de algumas pessoas dizendo que não era nada, como não era nada??? era sim... era a minha filha, deitada no chão ao lado de uma poça de sangue, com uma fratura exposta e sem poder se mexer, e eu inerte, sem capacidade para fazer qualquer coisa que a impedisse de passar por aquilo tudo...
Bem, eu sou a mãe, e quando me dei conta disso, pensei, preciso ser forte, para que ela acredite que está tudo bem... por mais que não esteja...
Sentei ao lado dela, e nesse momento vi o quanto minha filha é um ser iluminado, evoluído... ela não chorou... em nenhum minuto, apenas pedia para que ninguém olhasse para sua perna, pois ela não queria ninguém triste...
A partir desse momento, vieram uma série de acontecimentos que me deixaram indignada.
Acredito que ligamos para o SAMU, Emergência, Corpo de Bombeiros, Unimed, umas 30x, mas nada fez com que agilizasse o resgate. Pelas atendentes, ouvimos absurdos como Perdizes ser um bairro nobre e não precisar de um socorro, ouvimos sobre estarmos em um colégio particular e o SAMU existir para os necessitados, absurdos esses que as pessoas não conseguem entender, quando trata-se de uma mãe e um pai apenas querendo socorrer um filho... enfim 1h40 depois o Corpo de Bombeiros socorreu minha filha.
Entre várias orações, fomos atendidas pelo médico, que bem delicadamente diz, é muito grave... não sabemos as seqüelas que ela poderá ter... mais um momento de dor... Porque não eu??? Porque ela??? Ela tem apenas 10 anos e a vida toda... Porquê???
Após esse primeiro contato, descobrimos que não tínhamos cobertura no hospital... excelente, vamos chamar a ambulância novamente... NÃOOOOO!!!! O próprio médico nos aconselha a ir de carro... pegamos a Luluka e fomos para outro hospital.
Chegando lá fomos atendidas por uma médica que aparentemente nunca tinha visto ou atendido uma criança pela forma grosseira com que respondia as dúvidas da Lulu. 
Bem, após o raio-x diagnóstico pronto... cirurgia... rompimento da cartilagem do joelho... novamente a emoção e desespero invadem meu coração, saio da salinha onde a Lulu está e choro, choro... bebo água e volto para junto dela, sem imaginar que ainda teríamos mais uma série de acontecimentos que me deixariam absurdamente indignada.
Bem... entramos no hospital às 12h30, por volta das 16h15 descubro que a Unimed não liberou a internação... e penso... além do susto, do medo, da preocupação com a minha filha, ainda tenho que resolver problemas burocráticos, não é possível... onde estamos??? Onde está a sensibilidade das pessoas??? O mundo é apenas composto por máquinas de fazer e arrecadar dinheiro, onde a vida deixa de ser algo significativo... 30 minutos discutindo com a Unimed, onde tive que gritar, berrar para que a auditoria de laudo não fosse mais imprescindível e liberassem a internação da minha pequena.
Apesar de todos os contratempos, a cirurgia correu bem e ela está bem, já em casa, de tala e sem poder colocar o pé no chão, isso por 3 semanas, e sei que não vai ser fácil...
Como sempre, tentamos pensar no lado bom de todas as coisas, na lição que os acontecimentos nos deixaram...
Claro que não consigo ver o porque dela passar por isso, mas pude ver como a vida é frágil, como não temos controle nenhum de nada em nossas vidas... não somos donos dela, estamos aqui de passagem, para evoluirmos e aprendermos mais sobre viver...
Senti o que significa ter o coração andando por caminhos fora do meu corpo... e vi o quanto um momento de dor une as pessoas, e as diferenças passam a não existir, pois todos estão vibrando por um motivo comum...
Agradeço à Deus, aos anjos de Luz, aos meus pais, minha familia, aos meus amigos, a todos do colégio da Luluka e ao pai dela, por todas as orações e vibrações enviadas e sentidas ... tenho certeza que todos contribuíram para ela hoje estar bem.
Filha eu te amo!!!!!


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