Quando ela chegou em casa, pode tocar o vazio...

Tirou a maquiagem borrada, desceu do salto e jogou a bolsa no canto do quarto...

Tudo o que ela queria, não estava mais ali, ou estava, mas ela já não poderia mais sentir...

Desejou que não existissem mais noites, para que não corresse o risco de sonhar...

Implorou para o sol que ele nunca mais parasse de brilhar, para que ela nunca mais sentisse frio...

Aprendeu a tocar piano, a falar inglês...

Cobriu os espelhos e guardou os porta-retratos...

Mudou o cabelo, fez uma tatuagem, viajou pelo mundo

Jogou fora o som das músicas, optou por ouvir apenas o ruído do vento

Trocou os móveis da sala, pendurou quadros de flores

Se desfez e se criou

mas nada mudou,

tudo o que ela queria esquecer, estava misturado

unificado com seu ser

e então ela aceitou

amores não morrem, não passam

apenas se transformam em saudade...